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23 de Abril de 2024

Franquia de banda larga: Anatel descarta regular ou controlar provedores Internet

Presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), João Rezende, defende que a legislação não proíbe que operadoras limitem a banda larga fixa.

Publicado por Fabricio Venâncio
há 8 anos

Franquia de banda larga Anatel descarta regular ou controlar provedores Internet

Foto: Felipe Nyland / Agencia RBS

O presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), João Rezende, defende que a legislação não proíbe que operadoras limitem a banda larga fixa. No entanto, ele explica que as empresas terão de implementar ferramentas para que o usuário acompanhe o uso de dados para oferecer planos de franquias.

Rezende participou, nesta terça-feira, do Seminário de Tecnologia de Broadcast e Novas Mídias, em Porto Alegre. No evento, o presidente do órgão conversou com ZH sobre a extensa polêmica que envolve a mudança na internet fixa — debate que está suspenso há pouco mais de um mês.


Em 22 de abril, o conselho diretor do órgão proibiu limites da banda larga por tempo indeterminado até que se julgue a questão em definitivo.

Gerou polêmica uma declaração sua de que a era da internet ilimitada havia chegado ao fim em referência a mudanças de planos na banda larga. Depois, o conselho da Anatel proibiu que as operadoras alterassem as franquias até o julgamento definitivo do tema.

Em que pé está a discussão?

Acho que a primeira cautelar foi mal compreendida. Dissemos que a Anatel não pode — e nem deve — interferir no plano de negócio das empresas. As empresas, pela Lei Geral das Comunicações e pelo Marco Civil da Internet, não estão proibidas de vender planos por franquia. Essa possibilidade está dentro da liberdade comercial. A Anatel determinou que as empresas de banda larga fixa com mais de 50 mil usuários podem vender planos de franquia, mas desde que tenham os instrumentos necessários para que o usuário acompanhe o consumo — o que não tem hoje. Reforçamos essa decisão por prazo indeterminado até que se vote em definitivo. Ou seja, hoje está proibido o corte de internet e redução de velocidade, mas a Anatel não pode intervir na modalidade de negócios da empresa. O que se fez foi proteger o usuário, mas a agência também tem de olhar o equilíbrio do mercado. Hoje, a maioria das empresas não tem condições de vender planos por franquia porque não implementou as ferramentas para que o usuário acompanhe o nível de consumo. O conselho pode, inclusive, optar por outras determinantes. É importante que se entenda que a internet é uma estrutura física, tem de atender a uma demanda e, se cresce o número de usuários, cresce também o número de dados e, evidentemente, tem de aumentar a capacidade de investimento.

Há previsão de análise do tema pelo conselho?

Não. A Anatel fará uma ampla discussão com diversos setores da sociedade. Evidente que a maioria das empresas irá demorar em implementar a franquia. O que fizemos foi fixar um prazo indeterminado para sanar as dúvidas que as empresas teriam de apresentar em 90 dias. Agora, o prazo é indeterminado. A decisão é a mesma, só prorrogou.

Quais outras exigências a Anatel pode requerer às empresas?

Tem de se analisar quais velocidades estão sendo utilizadas na internet. Uma pessoa que utiliza a internet para mandar e-mail tem de ter um tratamento diferenciado do grande consumidor. Estamos levantando números para traçar o perfil de consumo da internet fixa hoje no Brasil. No momento, está proibido qualquer corte de velocidade em relação a dados. Tem de haver um respeito ao usuário em relação ao contrato, e temos de saber, no médio prazo, como informar bem as regras. Essa decisão mexe com milhões de usuários, então, não quero adiantar porque ainda está em votação.

O senhor disse que essa "questão do infinito" educou mal o usuário.

Fui mal interpretado.

O que o senhor quis dizer?

Que as ofertas têm de corresponder ao produto entregue. Se a empresa diz que o produto é ilimitado, tem de corresponder ao que entrega. Foi nessa direção.

Há críticas de que o limite da banda larga fixa se trata de uma maneira encontrada pelas empresas para aumentar a receita, uma vez que força o usuário a pagar mais quando ultrapassar o limite contratado.

Se você analisar qualquer prestação de serviço, você tem de medir a capacidade de pagamento do consumidor e de quem oferece o produto. O congelamento de preços e a intervenção do Estado não existem mais. Estamos em um regime privado, no qual a empresa pode oferecer os produtos que achar mais atraente ao consumidor. Se há competição e se proíbe a prática abusiva de preços, é possível chegar a um modelo de razoabilidade.

Então a era da internet ilimitada acabou?

Não, porque muitas empresas, por estratégia de marketing pessoal, estão vendendo internet ilimitada. Apenas uma empresa anunciou que adotaria o plano por franquia, e fizemos uma cautelar dizendo que ela não está habilitada porque não tem as ferramentas de controle ao usuário. Cada empresa escolhe seu modelo de negócio. Não é verdade que a Anatel quer o limite da internet porque, na realidade, nunca se proibiu nenhum tipo de plano de serviço na internet. Não é como na telefonia fixa, que se trata de uma concessão: o serviço de internet é privado. Seria uma intervenção se a Anatel determinasse que tipo de produto a empresa pode vender. As pessoas dizem que a internet tem de ser um direito fundamental. Bom, se tem de ser um direito fundamental, como a educação ou a saúde, alguém terá de arrumar fonte de financiamento.

Qual o exato papel da Anatel nesse processo?

Evitar abuso de preços e carteirização de mercado e proteger o usuário quanto ao serviço contratado.

O debate gerou uma grande mobilização na internet e um abaixo-assinado virtual com 1,6 milhão de participantes. Como o senhor vê essa reação?

Se não existisse uma internet forte e uma infraestrutura que suportasse, não haveria as mobilizações — ou seja, é um conflito positivo. Poderíamos estar discutindo que não existe nem internet para sequer protestar nas redes sociais. Mas, como é um recurso privado e não público, tem de haver retorno para quem investe.

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19 Comentários

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Está explicado o porque nossa internet é ridícula. Essa mesma ANATEL foi quem há alguns anos autorizou as operadoras a fornecer 20% do montante vendido. Parece que ao invés de defender a população a agência se tornou a moderadora do cartel. Lamentável continuar lendo

Essas agência nunca estiveram a favor da população . Muito pelo contrário. Defendem, único e exclusivamente, os interesses das empresas... vide ANS, por exemplo, Anatel idem. continuar lendo

Em teoria, não há nada errado com uma franquia justa. No entanto, no Brasil os provedores querem continuar cobrando taxas absurdas em comparação com o resto do mundo e estabelecer franquias muito menores do que fora Brasil. Por exemplo, franquias no Canada (para velocidades similares) são 3-5 vezes mais que as franquias no Brasil. E por uma pequena preco, qualquer cliente pode inscrever-se a uso ilimitado. Provedores brasileiros são abusivos!!!! continuar lendo

Se as operadoras não tem capacidade de fornecer internet ilimitada no wifi fixo, então que caia fora, a Anatel deveria sim ficar do lado dos consumidores e não permitir a exploração empresarial, afinal a Anatel é mantida pelas empresas? Está do lado errado chega de corrupção! continuar lendo

A ANATEL não serve para nada mesmo, no máximo para legitimar a exploração das operadoras de telefonia sobre a população...... Vergonha!!!!! continuar lendo